...espasmos de lucidez podem gerar avalanches de idéias, ou não.

quinta-feira, julho 22, 2010

Conjunção.

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Florianópolis, 20 de julho de 2010 - 17:44
-Lua crescente e o planeta Vênus.

segunda-feira, julho 12, 2010

Pinguins na terra do nunca.

Nascido do imaginário de J. M. Barrie, a Terra do Nunca (Neverland) é o escape fantástico para o sonho da eterna juventude, da eterna infância, eterna inocência e despreocupação... E eu a achei!
Que sempre fui do mar, não há duvida. No fundo sempre soube(mos) que minha vida seria intrinscecamente ligada a água. Por isso, e tantas outras coisas, que desde a primeira vez que vi aqueles cabeludos que chegavam cedo à praia e deslizavam sobre as ondas do 'fundão', soube que aquilo era para mim... Havia uma magia naquele entrosamento deles com o oceano, algo inexplicável, belo, maravilhoso. Assim 'aquilo' foi absorvido por todo o meu corpo e alma, o suficiente para tornar-se um carro-chefe da minha vida, influenciando na maior parte dos meus gostos e escolhas. 'Aquilo' é o surf, e continuo respirando-o a cada manhã.
Mas havia algo errado... A session não estava conseguindo me proporcionar aquele tradicional sorriso na saída. Simplesmente não conseguia expressar-me do jeito que tinha em mente; não conseguia terminar o cut back, levantava na hora errada, não conseguia ler direito como era onda e por aí vai... "O que aconteceu..?". Tive certo receio, como podia algo tão especial na minha vida estar tão sem-sal? É essa a sensação de envelhecer?! O mar também não ajudava muito, e depois uma semana com 1,5 metro de ondas gordas e inconstantes veio um bom período beirando o flat (sem ondas), nem valia a queda. Ocupei-me com outras coisas que gosto, mas aquele surf medíocre não saía da minha cabeça... Até domingo.
A ondulação não prometia muita coisa, não acordei cedo, não estava com as coisas prontas, mas fui... Para uma praia diferente, mais por curiosidade do local que pelo surf. O dia estava frio, mas quando cheguei lá até empolguei-me um pouco. Andei quase um kilômetro para fugir daquele lugar onde havia uma concentração imbecil de gente (a praia é enorme, tem gente que deve amar ficar no meio do crowd)... Na água, reparei que aquela ondulaçãozinha estava quebrando melhor que parecia e que a água estava excentricamente límpida. Bastou a primeira onda para tudo que me afligia ser literalmente lavado; uma direita, logo depois do drop ela foi fechando, abaixe-me e, como manda o figurino, uma mão na borda, a outra na parede e deixar-se entrar na 'caverna'.... Foi mais rápido que pensei, a baforada (dentro do tubo ainda) desequilibrou-me, rodei, rodei e, enfim, emergi com aquele sorriso de orelha a orelha. Era isso, isso que estava faltando! Aqueles segundos engolido pela onda, o corpo obedecendo do jeito que havia pensado... FINALMENTE! Voltei quase gargalhando para o outside.
Estava com doze anos de novo, naquele dia de verão, tendo a pele dourada pelo sol; primeira vez que entramos no line up (fundão) para ficar lado a lado com aquelas lendas da praia... As ondas eram 'gigantes' (meio metrinho plus, no máximo), perfeitas, fluidas... Tudo era tão bonito, engraçado; qualquer onda da série que conseguíamos pegar era um troféu que merecia todas as comemorações! Abri os olhos e reparei que lá vinha a próxima série; aqui vou eu!
Remava em busca do melhor posicionamento quando avistei algo pequeno a mover-se com graça... Levantou a cabeça, fitou-me e abriu de leve o bico como se dissesse "Que foi?!". Pinguins normalmente não vem para a América; no geral acasalam-se em regiões próximas a África do Sul, mas muitos se perdem pelo caminho e chegam por aqui. Fui chegando, remando calmamente, até estarmos a menos de um metro de distância, nadando paralelamente no mesmo sentido. Passei a mão de leve naquelas costas graciosas; ele deu uma olhada desconfiada, e continuou nadando. Pensei que talvez pudesse estar cansado e faminto, era uma boa tentar pegá-lo para levar a uma ONG ou algo assim... Como se lesse meus pensamentos, duas remadas minhas depois ele mergulhou rápida e graciosamente, provando-me que sabia muito bem o que fazia por ali.
'Opa, olha aquela esquerda vindo', e lá fui rabiscando as linhas de minha biografia. Meu 'companheiro' reapareceu, mais ao fundo, e reparei que havia pelo menos mais uns cinco pinguins brincando perto de mim, ora pescando, ora desajeitados no meio da arrebentação...
Estava pleno; havia nada além da areia, toda a minha existência poderia ser resumida àquele momento. Muitos outros detalhes, claro, somavam-se para torná-lo tão particular... Mas tenho uma mania, meio estúpida admito, de sentir que quando algo é muito especial falar demais sobre faz parte brilho ir embora...
Quando os braços começaram a trair, acusando cansaço e fome, saí da água... E com um sorriso no rosto. Não um sorriso qualquer, AQUELE sorriso...

domingo, julho 11, 2010

Quase sexual...

O mundo em volta é esquecido, só existe o ali e o agora... As recomendações, a etiqueta, a timidez dão lugar a uma hipertrofia sinestésica dos sentidos. Se a cama sentisse, provavelmente estaria extasiada também; impossível distinguir o tempo lá fora, o calor no cômodo é infernal...
Roupas são rasgadas violentamente, a respiração acelera, a pupila dilata, as meias palavras... E os corpos encontram-se; começou. Os gemidos, as palavras dúbias, a entrega; a fluidez dos membros parece excitar o desenrolar dos fatos... A apoteose! O cerrar dos olhos, o virar do pescoço, o aumento do ritmo, a taquicardia! O climax vem tão rápido quanto vai embora. Acabou; os corpos estão suados, clima mais leve e a fé foi vitoriosa...
Nossa, esse filmes sobre exorcismo tem uma tensão quase sexual não é mesmo?

terça-feira, julho 06, 2010

Módica tradução.

There is a pleasure in the pathless woods,
There is a rapture on the lonely shore,
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar:
I love not man the less, but Nature more.
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Há um prazer nos bosques intransitáveis,
Há um êxtase na praia solitária,
Há uma sociedade, onde ninguém invade,
Vindo do profundo mar, música de seu bramido:
Não que eu ame o homem menos, mas a Natureza mais.
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(Lord Byron)
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yaz